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Falta de Aterramento na Energia Solar: Riscos e Como Resolver

Aterramento na energia solar é obrigatório porque protege pessoas contra choques elétricos, evita danos irreversíveis aos equipamentos e garante a segurança contra descargas atmosféricas.

Sem ele, você coloca em risco sua vida, seu investimento e até a aprovação do sistema pela concessionária.

Este artigo mostra exatamente o que acontece quando o aterramento é negligenciado e, principalmente, como resolver de forma correta e dentro das normas.

Muitos instaladores ainda subestimam essa etapa por falta de conhecimento ou tentativa de reduzir custos.

O resultado são acidentes graves, perda de garantia dos equipamentos e até rejeição na conexão à rede. Entender os perigos reais ajuda você a exigir um projeto executado com responsabilidade.

A boa notícia é que fazer o aterramento correto não é caro nem complicado quando feito desde o início.

Com as informações certas, você evita retrabalho e dorme tranquilo sabendo que seu sistema fotovoltaico está protegido.

O que é Aterramento na Energia Solar e por que ele é obrigatório?

O aterramento na energia solar consiste na ligação intencional de todas as partes metálicas expostas do sistema (estruturas, caixas de junção, carcaças de inversores) a um eletrodo enterrado no solo.

Essa conexão cria um caminho de baixa impedância para correntes de falta ou descargas, desviando-as da pessoa.

Em sistemas fotovoltaicos, existem dois tipos principais de aterramento: o de proteção (segurança de pessoas) e o funcional (necessário para alguns inversores transformerless).

Ambos devem estar presentes e corretamente dimensionados.

A obrigatoriedade vem das normas técnicas brasileiras e das exigências das concessionárias.

Um sistema sem aterramento adequado simplesmente não recebe o parecer de acesso e não pode ser conectado à rede.

Ignorar essa etapa pode parecer economia imediata, mas gera custos muito maiores com reparos, substituição de equipamentos queimados e, em casos extremos, processos judiciais por acidentes.

Quais são os principais riscos da falta de aterramento em painéis solares?

O choque elétrico é o risco mais imediato. Em dias de chuva ou quando você toca na estrutura metálica, a diferença de potencial entre o sistema e o solo pode chegar a centenas de volts, suficiente para causar parada cardiorrespiratória.

Inversores e módulos fotovoltaicos também sofrem. Sem caminho para descarregar energia estática ou surtos, os componentes internos recebem tensões acima do suportável e queimam.

Já vi casos em que inversores de R$ 15 mil viraram sucata por falta de um cabo de aterramento de R$ 200.

Incêndios são outra consequência real. Uma descarga atmosférica próxima induz correntes enormes nas estruturas.

Sem aterramento, essa energia busca caminho aleatório e pode iniciar fogo em telhados ou cabeamento.

Por fim, as seguradoras residenciais e as próprias fabricantes de equipamentos exigem laudo de aterramento.

Se acontecer sinistro e o sistema estiver irregular, você perde a cobertura e ainda responde civilmente.

Como a falta de aterramento afeta o desempenho do sistema fotovoltaico?

O fenômeno mais conhecido é o PID (Potential Induced Degradation). Quando os módulos ficam “flutuando” eletricamente em relação ao solo, ocorre migração de íons dentro das células solares, reduzindo a potência em até 30% em poucos anos.

Você também percebe aumento de ruído eletromagnético. Inversores começam a apresentar falhas intermitentes, telas piscando e até desligamentos inesperados por “erro de isolamento”.

A vida útil dos cabos e conectores diminui drasticamente. A corrosão galvânica acelera quando existe diferença de potencial constante entre partes metálicas, comprometendo toda a instalação.

Em resumo, mesmo que o sistema continue gerando energia, ele opera de forma degradada e com risco constante de falha total, transformando seu investimento em dor de cabeça.

Normas brasileiras que exigem aterramento em energia solar

A NBR 5410 é a norma mãe das instalações elétricas de baixa tensão no Brasil.

Ela determina que toda parte metálica acessível deve ser aterrada com resistência máxima de 10 ohms para sistemas TT (o mais comum em residências).

A NBR 16690, específica para sistemas fotovoltaicos, detalha a equipotencialização entre todos os componentes e a necessidade de DPS (dispositivos de proteção contra surtos) coordenados com o aterramento.

As concessionárias seguem o PRODIST Módulo 8 e exigem medição de aterramento abaixo de 10 ohms no ponto de entrega. Se o valor estiver acima, o sistema é reprovado na vistoria.

O Corpo de Bombeiros, em muitos estados, também passou a exigir o laudo de aterramento junto com o AVCB do imóvel quando há geração solar acima de certa potência.

Como fazer o aterramento correto na energia solar (passo a passo)

Primeiro passo é definir o tipo de aterramento da sua residência (TT, TN-S ou TN-C-S). Isso influencia onde o cabo verde-amarelo do sistema solar será ligado.

Você vai precisar de:

  • Haste copperweld de 2,4 m ou malha de aterramento
  • Cabo de cobre nu ou encapado 16 mm² mínimo
  • Conectores tipo split-bolt ou grampo de aterramento
  • Caixa de equipotencialização
  • Terrômetro para medição final

A conexão segue esta sequência: todos os trilhos dos painéis → string box → inversor → barra de equipotencialização → haste no solo. Nunca “dê meia-volta” usando o neutro da rede como aterramento.

Após terminar, meça a resistência com terrômetro. O ideal é ficar abaixo de 5 ohms.

Valores entre 5 e 10 ohms ainda são aceitos pela maioria das concessionárias, mas quanto menor, melhor.

Erros comuns no aterramento de sistemas fotovoltaicos e como evitá-los

Usar cabo de bitola fina é o erro número um. Muitos instaladores colocam 6 mm² achando que “é só aterramento”. Em caso de descarga, esse cabo vira fusível e queima.

Outro problema frequente é esquecer a equipotencialização. Cada suporte de painel precisa ter continuidade elétrica comprovada com o próximo. Um parafuso frouxo já quebra toda a cadeia.

Muita gente conecta o aterramento do sistema solar no neutro do quadro geral. Isso é proibido pela NBR 5410 e pode causar choque ao abrir a chave geral (o neutro fica energizado).

Por fim, nunca confie só no “aterramento da concessionária”. A responsabilidade técnica é sempre do consumidor. Faça medição independente.

Manutenção e verificação periódica do aterramento solar

A cada 2 anos, ou sempre após temporais fortes, você deve medir novamente a resistência de aterramento. Solos arenosos secam e podem elevar o valor.

Verifique visualmente os conectores. Oxidação verde nos grampos indica corrosão e perda de continuidade. Substitua imediatamente.

Se instalou malha de aterramento, confira se não houve movimentação de terra (obra, jardim) que possa ter rompido o cabo enterrado.

Um simples terrômetro digital custa menos de R$ 800 e evita surpresas. Considere como item obrigatório na sua caixa de ferramentas solares.

Investir tempo e um pouco de dinheiro no aterramento correto é a diferença entre ter um sistema fotovoltaico que dura 30 anos com tranquilidade ou conviver com medo de raios, choques e queima de equipamentos.

Você já gastou dezenas ou centenas de milhares de reais nos painéis e inversor; pular essa etapa simplesmente não faz sentido.

Agora que você conhece os riscos da falta de aterramento solar e sabe exatamente como resolver, compartilhe este artigo com aquele amigo que está planejando instalar energia solar ou com o instalador que ainda “poupa” nesse item.

Sua atitude pode evitar um acidente sério. Deixe nos comentários: você já mediu o aterramento do seu sistema este ano?

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